terça-feira, 8 de junho de 2010

Saudade

Hoje vim mais cedo. Tenho sentido tanta saudade...
Saudade dos meus pais, vontade de abraçá-los, de tê-los comigo. Uma saudade mais forte do que o normal.  
Não pude dividir quase nada com eles. Medos, eu só pude dividir um, com meu pai: medo de morrer. Eu tinha tanto medo de morrer! Lembro-me dele, ao meu lado, de madrugada, conversando comigo sobre isso... Eu tinha medo de fechar os olhos e não acordar mais... E ele me confortou, aos poucos fez-me vencer esse medo... E eu era tão criança ainda...
Quantos mais ele teria me ajudado a vencer se estivesse comigo agora? Ele foi um pai tão presente!
Não pude contar minhas angústias de adolescente para minha mãe, não pude compartilhar com ela minhas vitórias no colégio... E como isso era importante para ela! Como ela se orgulharia!
Não pude contar-lhe de minhas paixões, dividir com ela a insegurança que sentia...
Faz 32 anos que não vejo meus pais. Podemos, sim, nos acostumar com a falta deles, com a saudade, mas entender... creio que não. Acostumamo-nos com o que é ruim também, infelizmente...
Penso que agora eles são anjos e que olham por nós, mas queria-os aqui, perto de mim. Queria vê-los com meus filhos, acompanhando-os, abraçando-os, como sei que gostariam de fazer.
Gostaria que eles se orgulhassem de mim... Toquei piano para minha mãe, estudei por ela também. Ela queria tanto que eu fosse diferente, que lesse menos, conversasse mais, que fosse menos tímida...
Os caminhos que segui, creio que não seriam os mesmos se eles estivessem aqui para aconselhar-me, para apoiar-me. Tive sempre comigo minha irmã/mãe/amiga, Mônica, claro! Mas ela era tão menina, tão frágil na sua força... E eu fui tão fraca tantas vezes, eu sei...
Agora, talvez, por minha vida, enfim, estar onde deveria sempre ter estado, a ausência de vocês dói mais. Ainda tenho inseguranças, ainda queria colo... 
Mas confio que Deus tem guardado, ao lado de vocês, o meu lugar. E que um dia estaremos juntos novamente. 
Peço licença à poeta para alterar seu poema, colocando-o no plural:

     Papai e mamãe
Se vocês soubessem
a falta que me fazem!
Eu sei:
vocês voltariam
e não morreriam
nunca mais.

6 comentários:

  1. Faço minhas as palavras da sua filha, vc é sempre forte, ate nas palavras. Te admirei sempre e acho que vc e uma guerrera. Mulher de fibra, otima mãe e linda por dentro e por fora. Merece alguem de valor como vc.
    Meu nome não importa fique com minha admiraçao.

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  2. Eu tbm te admiro muito Maezinha,e tenho certeza de que vc orgulhou e continua orgulhando muito meus avós,assim como orgulha seus filhos,e todos aqueles que realmente te conhecem e te amam!

    Amo vc!

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  3. Linda, te amo muito!
    Mas se minha mãe é irmã/mãe/amiga, eu sou sobrinho/irmão/amigo também? rs
    Continue escrevendo, leio sempre, ok?
    Beijão!

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  4. Ain, lindaaa! Eu me orgulho tanto de vc quanto sei que eles se orgulhariam. Te amO!

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  5. Que lindo seu texto, que linda você!
    Até chorei... (novidade! rs)
    Eles fazem TANTA falta! Quero sempre colo e tive tão pouco...

    Eu, a irmã preferida.

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  6. Mary, sou eu, a sua fã nº 1, Glaby Cristine, li seu texto e fiquei lembrando que em alguns momentos seus de tristeza, ali eu estava. Mas, estive nos momentos bons também e te admiro tanto. Como vc é guerreira Mary, acho que eu não teria superado tantas coisas como vc superou. Você tem muita luz, muita paz interior. Última vez que fui na sua casa eu senti vergonha, pois não passei na vida a metade do que vc passou e vi que você transformou os limões da sua vida em deliciosas limonadas. Você fala com serenidade dos seus problemas, o que eu não faço. rsrs. Seus filhos...lindos, maravilhosos, todos eles. E as meninas, quanto meiguice. Amiga minha, você é muito especial e sei que Lirinha e Toninho já tinham muito orgulho em serem seus pais e onde estiverem estão te admirando e amando-a cada dia mais. Você é a minha heroina. Beijos e mais beijos. Desculpa, tive que ir de anônima nesse negócio, pois nao entendo disso. rsrs beijos.

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