quarta-feira, 30 de junho de 2010

Sinto falta de ti

Sinto falta de ti...
do amigo, das histórias, dos sorrisos...

"sobretudo em certas manhãs
lavadas de azul como essa
onde o silêncio
parece repetir-me o teu nome
aos berros
como se fora eu, além de só,
completamente surda"...

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Sozinha

Acabou o jogo do Brasil. Parece que o fim de semana acabou agora também. Esse é o problema de não trabalhar fora: sempre temos a impressão de que os dias se arrastam. 
Adoro os fins de semana! Espero-os com ansiedade, como se estivesse trabalhando, mas hoje foi um dia triste. Não estou cansada. Dormi tanto esses dias! Muito mais do que precisava! 
No sábado participei de uma festa de Bodas de Prata de um casal amigo. Tudo muito lindo. Muito especial. Eles são especiais. Afinal, nos dias de hoje o mais comum é que não cheguemos aos vinte e cinco anos de casados... Comigo não foi assim?  
Casamos para viver a vida toda juntos. É isso que prometemos. É essa a nossa intenção. Pelo menos era a minha. Mas por que, então, casar quando se é tão jovem? Ah! São tantos os problemas na vida a dois... Se ambos não estão dispostos a viver bem, não há mesmo de dar certo.  
Meu casamento nunca deu certo. É, insisti sozinha nele por anos, muitos anos... Por que não me separei antes de tantos anos, então? Já me perguntaram isso. Também já me perguntaram por que tantos filhos também. Bem, os anos de casada mostram minha teimosia em salvar algo que morreu quase antes de nascer. Primeiro, eu queria amar e ser amada de forma igual. Bobagem! Como podemos comparar um amor? Sempre um ama mais que o outro? Ou não? Quando amamos o suficiente? Existe medida para o amor? 
Depois, eu pensava que nem todos tinham que ser felizes, que algumas pessoas nasceram para ser felizes e outras, não. E eu não tinha tido sorte...rs
Já tinha passado por tantos sofrimentos que mais um, tendo meus filhos comigo, não teria importância. 
E quanto a eles, meus filhos, não são tantos... Temos muito de algo quando podemos distribuir, dar a alguém o que nos sobra, e meus filhos nunca sobraram. São o que tenho de mais caro, de melhor. São eles que me fazem levantar até hoje e lutar para viver bem, com dignidade. 
Ouvi há pouco tempo que a mulher é a responsável pela vitória em um relacionamento. Discordo. Ambos são. A mulher, sozinha, não é capaz de salvar nada, de manter nada. Sei disso porque lutei, lutei muito e quem me conhece sabe disso, para viver meu casamento sempre, em comunhão. Mas comunhão de quê? Se não tínhamos nada em comum, por que nos casamos? 
Li um livro há alguns anos, de Richard Bach, chamado "Um". É um romance em que ele vive vidas paralelas, em dimensões diferentes. É interessate. Cada vida depende de uma escolha feita por ele. Sempre temos escolhas. Só que perdemos e ganhamos em nossas escolhas. No livro, não. Ele tinha várias vidas de acordo com as escolhas. Talvez isso fosse bom...
Também tive escolhas. Sempre. Podia não ter me casado, podia ter me separado com um mês de casada, quando começaram os problemas sérios, podia ter me separado depois e depois e depois... E sempre adiei. Que droga! Sempre tive um medo danado de ficar sozinha! Mas não vivi sozinha todos esses anos? Não vivi sozinha sempre? Não vivo sozinha até hoje? Não devia doer mais...
Melhor não pensar mais nisso. Até porque não adianta mesmo. Tive meus filhos e isso vale tudo que passei. Lembrando que passei porque eu quis. A responsabilidade pela vida que eu tive é toda minha. Tive escolhas. 
E agora, agora percebo que é melhor continuar assim, sozinha. Dói demais se entregar a alguém e não receber nada em troca. E não quero mais dor.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Férias

Férias... Normalmente, esse é um período feliz para mim, pois ser professora, apesar de ser o que mais gosto de fazer, é desgastante. Um período de descanso é necessário e merecido. Mas este ano eu preferia que as férias não tivessem chegado, ainda.
Meus netos ficaram comigo durante todo o período letivo e agora, que eles se vão, ficarei muito sozinha.
Entendo que eles têm que ficar com a mãe, que não sou só eu que os amo, mas ficará um vazio enorme aqui, em minha casa. Não ver mais os brinquedos espalhados, a casa cheia de cavalos, bois, laços será triste...
Não tê-los em meu quarto durante a noite, sabendo que estão quentinhos, dormindo em paz me deixará inquieta.
Tenho vivido tanto para eles! E isso me faz feliz.
A Duda já faz parte de minha vida há tantos anos! Mesmo não sendo neta de sangue, os laços que nos unem são maiores que isso, vão além disso. Adoção de neto é como adoção de filho . Não se ama menos por causa de sangue, com certeza. O bem que quero a eles é igual, o amor é incondicional.
João Guilherme é meu principezinho. Tão lindo! Tão dengoso! Certo, dengoso demais. Mas como não fazer o que ele quer, quando ele nos olha com aqueles olhinhos tão doces, tão azuis? rs
Ah! Sei que eles estarão perto, que poderei vê-los sempre durante este mês, mas cuidar deles é o que tem dado sentido à minha vida. 
Com certeza, julho vai demorar a passar!

"Eu não preciso de você nem para andar, nem para ser feliz, mas como seria bom andar e ser feliz ao seu lado..."

terça-feira, 22 de junho de 2010

Owzadia?

Saí há pouco para buscar minha filha no trabalho. Tenho que buscá-la três dias por semana porque ela sai mais tarde e não dá para vir sozinha. Logo que pisei lá fora vi a lua: linda, majestosa...

Como a lua me fascina! Mas não quero ser repetitiva e ficar falando dela, de novo.

Hoje estou meio melancólica e também ansiosa, esperando uma resposta de trabalho. Não gosto de esperar; sei que tenho que melhorar muito em relação a isto (e a muitas outras coisas, claro!), mas ainda chego lá. O certo é que estou meio "down".

Aí, voltando para casa vejo uma loja cujo nome é "Owzadia". Puxa, como alguém tem coragem de escrever isso e ainda usar como nome de loja? Ah, ousadia é bom, mas escrever errado, propositalmente, é triste. Já é um horror vermos quanto descaso há com a Língua do país onde nascemos e moramos, normalmente...

Como vemos por aí "quizermos, sorrizo, meia cansada, menas"! Isso pra não falar de plural e singular, masculino e feminino. Já ouvi dizerem "minha mãe é mau, professora", muitas vezes. Mau? A mãe? E o pai é o quê, então?

Ah, não é enjoo de professora de Português, não. Mas moramos no Brasil e a Língua falada aqui é o Português. Temos a obrigação de saber usar a Língua. Mesmo que haja variações, a ortografia, um mínimo de concordância devem ser respeitadas. Não vamos ser mais ousadas se comprarmos em uma loja que "ousa" escrever de forma tão absurda.

Certo, às vezes exagero, eu sei. Escrevo e-mails, que deveriam ser mais informais, sem abreviar, usando pronomes oblíquos (quase em extinção hoje em dia) e uma linguagem mais formal. Talvez até fale assim, quando não deveria. Mas aprendi e é difícil não usar. Não é frescura.


Já outras vezes pareço adolescente e falo ao telefone coisas tão bobas, tão ridículas que queria ver o chão se abrir para eu sumir. Não acredito que falei aquilo, que ri naquela hora! E gaguejo, quem sabe até falo errado! Mas isso não é o comum, é o momento, a pessoa, sei lá. O normal é eu falar usando o que sei. E o que não sei, procurar aprender. E onde errei, voltar atrás e consertar o erro.


"Gosto quando seu olhar
Quer te ver dentro do meu..."

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Para que serve uma relação?

Uma relação tem que servir para você se sentir 100% à vontade com outra pessoa;à vontade para concordar com ela e discordar dela.  Para ter sexo sem "não-me-toques" ou para cair no sono logo após o jantar. 
Uma relação tem que servir para você ter com quem ir ao cinema de mãos dadas. Para ter alguém que instale o som novo enquanto você prepara uma omelete. Para ter alguém com quem viajar para um país distante. Para ter alguém com quem ficar em silêncio sem que nenhum dos dois se incomode com isso.
Uma relação tem que servir para, às vezes, estimular você a se produzir, e quase sempre, estimular você a ser do jeito que é, de cara lavada e bonita a seu modo. 
Uma relação tem que servir para um e outro se sentirem amparados nas suas inquietações. Para ensinar a confiar, a respeitar as diferenças que há entre as pessoas, e deve servir para fazer os dois se divertirem demais, mesmo em casa, principalmente em casa. 
Uma relação tem que servir para cobrir as despesas um do outro num momento de aperto, e cobrir as dores um do outro num momento de melancolia, e cobrirem o corpo um do outro quando o cobertor cair. 
Uma relação tem que servir para um perdoar as fraquezas do outro, para um abrir a garrafa de vinho e para o outro abrir o jogo, e para os dois abrirem-se para o mundo, cientes de que o mundo não se resume aos dois.

                                                                                             Martha Medeiros 

"Se você vier, pro que der e vier comigo..." 

domingo, 20 de junho de 2010

Vazio

Hoje eu queria falar de alegria, de felicidade, de paz... Mas não consigo.
Estou triste.
A morte chega e nos leva sem que tenhamos terminado o que tínhamos para fazer. Ela não avisa a hora em que virá.
Leva as pessoas de quem gostamos, que nos são caras e não espera que os sonhos, projetos sejam realizados. Não espera que abracemos nossos queridos, que terminemos de ler o livro que começamos, que o ano letivo termine, que o amor aconteça...
E quando se é jovem, muito jovem?
Como entender a morte de quem ainda tem tanto para viver? Quem nem começou a realizar os sonhos? Quem nem teve tempo de sonhar ainda?
Como entender que pai e mãe voltem para casa e a encontrem vazia? Que não possam mais esperar pela volta do filho?
Hoje a dor é grande demais. Dor pela morte de alguém que vi nascer e, mesmo não sendo mais tão próximo, sua morte deixou um vazio em mim... 
Alguém que tinha apenas começado a viver...

sábado, 19 de junho de 2010

Cheguei!

Saudade de escrever aqui...
Estive viajando, mas logo escreverei de novo. Por enquanto, só posso dizer que tudo continua bem demais e que estou feliz. E olha, ser feliz é muito bom!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Riscos

Estava há pouco assistindo ao programa da Ana Maria. Já gostei mais do progrmaa, mas ultimamente ela faz uns apelos muito dramáticos. Mas hoje assisti e, provavelmente, não foi por acaso (creio que nada é). Levou-me a pensar no assunto...
O tema do programa foi "os solteiros". É incrível a procentagem de solteiros em nosso país!  Muito foi dito lá, coisas interessantes que me levaram a pensar que a maioria das pessoas, hoje, está solteira por opção, ou medo. Não é porque não encontram o parceiro "ideal" ou porque ninguém as procura, ninguém as quer. Aliás, o que é ser "ideal"? Não sou lá uma expert no assunto, mas não acredito mais que os diferentes se completam (já acreditei...rs), os opostos se atraem. Não. Isso é lei da Física. Penso que para estarmos mesmo com alguém temos que comungar dos seus interesses, gostar de fazer as coisas juntos, de dividir o dia, de se divertir, de ficar sozinho (a dois), tudo mesmo. Não é se anular e viver só o que o outro gosta. Não. É sentir prazer verdadeiro nas mesmas coisas. Caso contrário, um dos dois estará sempre frustrado, tentando agradar ao parceiro ou levando a vida de forma paralela, separados.
Não sei se me faço entender, mas um relacionamento, para ser ideal,  em minha opinião, tem que ser de dois parceiros. Mesmo que, às vezes, eu queira fazer algo que meu companheiro (não é companhia) não goste, a maioria das coisas faremos juntos. Por prazer. Porque estamos juntos por gostarmos de ficar juntos. Sem que isso seja regra, obrigação. Que isso seja prazer mesmo. Estou com você porque gosto, porque é aqui que eu quero estar, porque estar com você é o que me faz mais feliz nesse momento.
Acho que a maioria das pessoas pensa assim, como eu. Então, por que tantas pessoas estão sozinhas? Por que tantas pessoas "ficam" com outras por uma noite, sem nenhum compromisso? Sem tentar conhecer, sem se deixar conhecer?
Por medo, creio.
Temos medo de nos expor, de nos mostrar ao outro e ele não gostar. Optamos por desistir antes de ter tentando e isso é triste. Perdemos muitas oportunidades de encontrar nosso companheiro(a). 
É, companhia podemos ter, se quisermos, a qualquer hora, tanto faz sermos homens ou mulheres. 
Mas quão vazio é isso! 
Um parceiro, alguém que nos acompanhe, que faça nosso dia valer a pena, que se preocupe conosco, que nos faça feliz só por olhar-nos de forma diferente (como fala um olhar!), esse não teremos se não ousarmos arriscar.

"Vou deixar a rua me levar
Ver a cidade se acender
A lua vai banhar esse lugar
E eu vou lembrar você"


terça-feira, 8 de junho de 2010

Saudade

Hoje vim mais cedo. Tenho sentido tanta saudade...
Saudade dos meus pais, vontade de abraçá-los, de tê-los comigo. Uma saudade mais forte do que o normal.  
Não pude dividir quase nada com eles. Medos, eu só pude dividir um, com meu pai: medo de morrer. Eu tinha tanto medo de morrer! Lembro-me dele, ao meu lado, de madrugada, conversando comigo sobre isso... Eu tinha medo de fechar os olhos e não acordar mais... E ele me confortou, aos poucos fez-me vencer esse medo... E eu era tão criança ainda...
Quantos mais ele teria me ajudado a vencer se estivesse comigo agora? Ele foi um pai tão presente!
Não pude contar minhas angústias de adolescente para minha mãe, não pude compartilhar com ela minhas vitórias no colégio... E como isso era importante para ela! Como ela se orgulharia!
Não pude contar-lhe de minhas paixões, dividir com ela a insegurança que sentia...
Faz 32 anos que não vejo meus pais. Podemos, sim, nos acostumar com a falta deles, com a saudade, mas entender... creio que não. Acostumamo-nos com o que é ruim também, infelizmente...
Penso que agora eles são anjos e que olham por nós, mas queria-os aqui, perto de mim. Queria vê-los com meus filhos, acompanhando-os, abraçando-os, como sei que gostariam de fazer.
Gostaria que eles se orgulhassem de mim... Toquei piano para minha mãe, estudei por ela também. Ela queria tanto que eu fosse diferente, que lesse menos, conversasse mais, que fosse menos tímida...
Os caminhos que segui, creio que não seriam os mesmos se eles estivessem aqui para aconselhar-me, para apoiar-me. Tive sempre comigo minha irmã/mãe/amiga, Mônica, claro! Mas ela era tão menina, tão frágil na sua força... E eu fui tão fraca tantas vezes, eu sei...
Agora, talvez, por minha vida, enfim, estar onde deveria sempre ter estado, a ausência de vocês dói mais. Ainda tenho inseguranças, ainda queria colo... 
Mas confio que Deus tem guardado, ao lado de vocês, o meu lugar. E que um dia estaremos juntos novamente. 
Peço licença à poeta para alterar seu poema, colocando-o no plural:

     Papai e mamãe
Se vocês soubessem
a falta que me fazem!
Eu sei:
vocês voltariam
e não morreriam
nunca mais.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Sacanagem

"Esta é a semana dos namorados, mas não vou falar sobre ursinhos de pelúcia nem sobre bombons. É o momento ideal pra falar de sacanagem.
Se dei a impressão de que o assunto será ménages à trois, sexo selvagem e práticas perversas, sinto muito desiludí-lo. Pretendo, sim, é falar das sacanagens que fizeram com a gente.
Fizeram a gente acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma vez, geralmente antes dos 30 anos. Não contaram pra nós que amor não é racionado nem chega com hora marcada.
Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia, é só mais rápido.
Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada "dois em um", duas pessoas pensando igual, agindo igual, que isso era que funcionava. Não nos contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável.
Fizeram a gente acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos. Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que transam pouco são caretas, que os que transam muito não são confiáveis, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto. Ninguém nos disse que chinelos velhos também têm seu valor, já que não nos machucam, e que existe mais cabeças tortas do que pés.
Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade. Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que poderíamos tentar outras alternativas menos convencionais.
Sexo não é sacanagem. Sexo é uma coisa natural, simples - só é ruim quando feito sem vontade. Sacanagem é outra coisa. É nos condicionarem a um amor cheio de regras e princípios, sem ter o direito à leveza e ao prazer que nos proporcionam as coisas escolhidas por nós mesmos."
                                                                              Martha Medeiros/2003

sábado, 5 de junho de 2010

Passeio

Cheguei há pouco de um passeio que fiz com amigos, pessoas muito queridas. Que lugar lindo! Como foram agradáveis esses dias! Fomos para um lugar chamado Recanto Flor do Ipê, perto de Catalão. É um lugar próprio para eventos: casamentos, reuniões, festas, enfim. Fui convidada pela sogra de minhas filhas. Foi a família dela: mãe, irmãos, cunhadas, sobrinho... Como fui bem acolhida! São pessoas muito especias e muito queridas mesmo.
Bem, lá todos nos divertimos muito, os meninos desceram em um toboágua, na tirolesa, passearam de canoa... Tocaram violão, ouvimos músicas o tempo todo.
Agora, eu fiquei frustrada, muito frustrada.Vi os meninos descendo na tirolesa e me deu uma vontade danada de descer também! Puxa, eu já enfrentei tantos medos! Fui, toda serelepe, subindo no morro onde ficava o metro quadrado (ou pouco mais que isso) para me arrumar com a tal cadeirinha da tirolesa. Olha, consegui subir o primeiro lance de escadas (precárias, por sinal) e fiquei esperando minha vez para subir o próximo. Tirei o tênis, levantei minha "leg" e subi. A escada dava a impressão de que ia cair (talvez para mim, que sou medrosa demais com escadas). Era daquelas que a gente encosta na parede e sobe... Subi e sentei-me no metro quadrado para  a preparação. Mas, gente, de verdade, não consegui me levantar. E não dava para me preparar sentada, né? Quando eu olhava para baixo ficava tão tonta que não sabia mais nem como descer! Que vexame! Todo mundo gritando e torcendo por mim e eu ali, como uma barata tonta... Terminei reunindo o último restinho de coragem que ainda tinha e desci. Nem me lembro como, de verdade! 
Mas isso foi extremamente frustante! Eu achava que ia mesmo descer naquela corda! 
Bem, não sei se terei coragem, algum dia, de tentar outra vez isso. Ou algo que envolva altura. Não consigo mesmo superar esse medo, o que é ruim, péssimo.
Apesar dessa frustração, esses dias foram muito bons. 
Dona Luzia, mãe dos irmãos que lá estavam, quebrou o braço, mas está bem, graças a Deus. Foi um susto, mas ela é forte, tranquila. Hoje almoçamos na sua casa, em Pires do Rio. 
Que lugar aconchegante! Sabe aquele lugar onde respiramos calma, paz? Pois é lá mesmo! Ela me contou histórias de quando os filhos eram pequenos, de como era sua vida... Mostrou-me fotografias dos filhos, dos netos... 
Estou feliz. Sou feliz. Tenho vivido muito bem este ano. Creio que agora chegou a tal bonança que vem depois das tempestades...


"Eu só quero saber em qual rua
A minha vida vai encostar na tua."